17.4.20

QuaranTalks #003 - Voz tem máscara?


Hoe! Espero que esteja tudo bem com você. :)

Não tivemos QuaranTalks na semana passada porque não aconteceu nada de interessante naquele período e elaborar o post do ASMR Day já foi trabalhoso per si, hehe! 😬

Acho que o estado de introspecção da quarentena chegou para mim e começaram a surgir alguns insights nesta semana. Vou falar primeiro sobre o insight mais complexo e os demais ficarão no segmento das pílulas, beleza?

Como estamos?


Há algumas semanas, a OMS começou a recomendar o uso de máscaras para a população em geral. Aos poucos, começo a ver mais gente usando esse item ao sair na rua. Não conseguir avistar as narinas e a boca de outra pessoa lá fora tem se tornado motivo de alívio e alento. Tempos curiosos estes, não é mesmo?

Lavando uma louça e outra, fiquei ouvindo alguns episódios do Not So Kawaii, podcast que faço com a Miwa. Nisso, comecei a prestar atenção na minha voz. Lembro que, no início, foi muito difícil ouvir o que gravava: era um misto de vergonha e aversão a me ouvir falando. Já teve a impressão de que a "sua voz" captada pelo telefone é totalmente diferente da "sua voz", aquela que você ouve enquanto fala? Certa vez, li um artigo que respondia a essa incógnita, afirmando que ouvíamos diferente porque nossa voz reverbera pela caixa craniana e, portanto, parece melhor - tipo eco do banheiro. Respondeu a charada, mas a estranheza continua a mesma, né? Haha! 😛

Na busca por remediar cacoetes e tornar o ritmo do podcast mais interessante, me forcei a ouvir os episódios mais de uma vez e, com isso, acabei aceitando que a minha voz é daquele jeito mesmo. Contudo, comecei a projetar uma imagem toda vez que a ouvia: um movimento de esquiva.

Máscara. Será que temos "máscara" para a voz? Ou será que a voz apenas externa mais um aspecto da "máscara" que usamos? A "máscara" da minha voz parece respeitar o isolamento social muito antes da pandemia. Na verdade, a minha voz me causa certa aversão porque ela parece falsa, distante. Ela não se entrelaça com as outras vozes, não elabora uma dança: ela se esquiva, vai pela tangente, quer que acabe logo. Que horrível, né?

Eu sinto o mesmo quando ouço os meus "exato", "exatamente"; eles forçam um final, uma conclusão de pensamento. Parece que eu estou ali, mas não pra dialogar - só quero ter a palavra final, quero estar certa. E isso foge a todo o propósito, não apenas do podcast, como também de qualquer conversa, das relações humanas, da minha própria voz. Significa que não estou escutando de verdade e, dessa forma, eu me faço medíocre. Ninguém quer falar com gente assim, ninguém quer escutar gente assim. Tá errado, minha filha.

Quando percebi essa, digamos, "falha", comecei a listar as vozes que mais admiro e gosto de ouvir. A Monja Coen, a Ju Wallauer (do Mamilos Podcast), o Guilherme Briggs (dublador)... Aí, me questionei o que elas tinham em comum e que faltava à minha voz. Cheguei até a pensar: "é o microfone? É o gravador?" Não, eu consigo ouvir até vídeos caseiros dessas mesmas pessoas do início ao fim. Então, qual é?

Bom, vai parecer papo de coach, mas a conclusão a que cheguei foi que à minha voz falta convicção do que se está falando; a isso, está ligada a falta de entrega, de se fazer presente em cada palavra. Muito do que falo nos episódios do podcast está já escrito no roteiro; isso, por si, não seria ruim. O problema é que dependo muito daquele script, quando, na verdade, seria mais interessante eu saber exatamente do que estou falando e aquele papel só servir de apoio. As pessoas sentem quando você sabe do que está falando e, dessa sensação, parte a vontade de continuar escutando ou não.

Depois disso, vem a sensação daquela pessoa estar realmente interessada em falar para você e com você. É pronunciar cada palavrinha, cada vogal, consoante, sílaba tônica, proparoxítona com vontade, preenchendo cada milímetro do interior da boca com ar quente, saliva, movimento de língua e contração labial. Nem mesmo as pausas, as gaguejadas e as falhas em encontrar uma palavra acabam sendo desperdiçadas. Ocorre que nada disso incomoda ou interrompe a linha de raciocínio do ouvinte, porque, instintivamente, ele sente que precisa prestar atenção em alguém ali que está de peito aberto, se entregando àquele momento de fala.

Infelizmente, como muitas coisas arraigadas na nossa vida, é necessário reconhecer que não será possível mudar esse jeito de falar do dia pra noite. No entanto, acho que posso dizer que dei o primeiro passo ao identificar o que considero ser um problema. Processos de mudança vão se arrastar sim e, provavelmente, por anos. Temo até que estranhem o jeito que comece a falar nos próximos episódios, haha! Mas é, o podcast poderá ser um bom termômetro para acompanhar esse progresso. Apesar dos pesares, torço para que os ouvintes continuem caminhando com a gente. 🙇

Pílulas aleatórias


▼ Tem umas coisas meio óbvias na vida que nunca entram na cabeça e, quando entram, isso acontece do nada, né? É a bola de basquete girando e girando pelo aro da cesta, a moeda girando e girando em volta do próprio eixo até, enfim, parar e cair. A questão hoje é: se me considero obstinada e persistente numas áreas, por que não aplico essas qualidades nas áreas em que estão em falta? Meodeos, menina. 🤦

▼ Bom, vou tirar umas coisas do papel. Mesmo que fique uma bost@. Mesmo que pareça feio de primeira. Eu tenho de começar de algum lugar, porque, antes da autocrítica, eu preciso do feedback pra, aí sim, aprimorar. Para ter feedback, precisa externar. Para externar, precisa fazer.

▼ Já pensou em ter um "sonhário"? É um diário de sonhos. Confesso que nunca pensei em ter um desses porque não costumava sonhar faz mais de anos, mas essa quarentena até que tem me permitido gozar de algumas noites sonhadoras, haha!

Compartilho uma delas: sonhei comigo assistindo a uma performance das Perfume, um trio japonês de eletro pop. Ocorre que o figurino estava curto demais e a calcinha da Acchan começou a aparecer durante a coreografia. Na conversa final com os apresentadores, apontaram esse fato e ela ficou ajeitando na hora, mas daquele jeitinho dela, né: rindo da própria desgraça.

... Como interpreto isso, né? Haha! Vamos lá: depois de uns dias, cogitei que as Perfume, para mim, são um símbolo de perfeição e a Acchan é a membro com a qual mais me identifico. Não a vi na perspectiva de primeira pessoa, contudo. Talvez eu esteja temendo incorrer em algum tipo de falha e idealizando rir das próprias cagadas. O que você acha? Estou aceitando sugestões, haha! 😂

E o governo?


(Respira fundo) ... Ontem, o Ministro da Saúde foi demitido no meio de uma pandemia. Por quê? Por fazer o seu trabalho, que, por coincidência, contraria toda e qualquer ordem direta do Chefe de Estado - com toda a razão.

Tá, tem todo um plano de fundo político, mas sinceramente, pra mim, não interessa. Estamos procurando estabilidade, segurança, confiança nas autoridades e suas instruções, na esperança de que talvez, quem sabe, por uma obra do acaso, eles pensem um pouquinho em preservar nossa integridade - infelizmente, não achamos nada disso há muito tempo.

O novo Ministro afirmou estar com posicionamento totalmente alinhado com o Chefe de Estado. Neste fim de semana, deve ocorrer o processo de transição da pasta. Eu só posso orar para que pese, no julgamento de suas ações daqui para frente, o possível escárnio às suas qualificações como profissional médico num momento após a pandemia, bem como as vidas das pessoas expostas ao risco, depois de relaxado o isolamento social. Não sei como o dito cujo vai priorizar esses fatores, mas, considerando a primeira fala, suspeito que seja nessa ordem mesmo.

Obs.: tenho evitado escrever nomes e cargos nessas notas apenas porque não sei como a brigada pandeminion está agindo fora das redes sociais, tá bom?

▼ ▼ ▼

É isso, gente! Mais um QuaranTalks fechando com o clima ó, lá no alto, haha! 😆

Torço sinceramente para que você esteja encontrando meios de estabilizar sua saúde mental. Meu conselho agora é procurar aceitar os sentimentos que estão pipocando neste período. Tudo isso é você. Sinta, se conheça. Escreva, verbalize, se expresse. Pode ser até feio, não tem problema. Vai ser bom.

Lave bem as mãos, tire os calçados fora de casa e espirre dentro dos cotovelos!
Querendo ouvir esta que vos escreve, é só conferir o novo episódio do podcast :D

Um comentário

  1. Ohayou, Karupin, ó eu de novo. E olha que nem precisaria estar tão folgada para ler os textos e ouvir podcast de vocês.

    Bem, confesso que eu tambem tenho muita vergonha da minha voz. Quando trabalhava com atendimento no telefone, quando precisava gravar, na hora de ouvir, eu queria me esconder dentro da gaveta. Foi preciso porque eu tinha muitos vícios na hora de falar, o que provavelmente deixava o ouvinte do outro lado querendo fazer picadinho de mim de tanto cacoete que eu tinha.

    Isso seria um assunto complexo, ainda mais que você grava o podcast (mas nunca reparei se você tem algum problema ou não, aliás, nesse ponto acho que eu sou uma negação, e ainda por cima, sabe que ouço muito programa de rádio aqui no Japão). Mas faça aos poucos e não se cobre tanto para conseguir a perfeição, seja bem natural (mais do que já está).

    Vou falar a verdade: um dos assuntos que odeio discutir e só faço um apanhado geral via fontes confiáveis e oficiais, é P-O-L-I-T-I-C-A! Tanto aqui como no Brasil. Não que eu esteja conformada com a situação (muito pelo contrário, estou revoltada, passada, pasmada, tudo junto, cade o meteoro?), mas eu fico muito decepcionada com o que se passa na terra natal, querendo ou não, mesmo morando muito tempo fora, eu ainda tenho contato, e ainda tenho esperança que tudo melhore, e que esse povo coloque a mão na consciência e reconheça a c*gada que ta fazendo.

    Vamos falar de topicos mais leves: sobre sonhos. Já tive cada sonho estranho envolvendo idol que nem te conto. Calma que nada picante, eram coisas do cotidiano, mesmo. O chato é que depois eu não lembro nem metade do que eu sonhei, mas parecia tão real hahahaha

    Voltando sobre ouvir internet radio, algo que estou fazendo faz muito tempo: algumas emissoras não consigo ouvir pelo rádio normal (obvio por causa da região) e assino o aplicativo radiko.jp conta premium, que posso ouvir qualquer emissora de qualquer região do Japao, ou seja, consigo ouvir os programas de radio dos nossos idols queridos XD. Ou tambem internet radio pelo YT, como recentemente Masaharu e Junno andam fazendo toda noite. São curtinhos, 10 a 15 minutos, mas ta valendo para relaxar XD O bom é que se você esqueceu ou quer ouvir de novo, estão lá na conta oficial.

    O mais importante nesses dias é manter nossa saúde mental, fazer as coisas que gostamos (mesmo dentro de casa), ler um bom livro, assistir dorama, anime, filme, ouvir alguma musica pra relaxar... Até arriscar na cozinha, quem sabe?

    Beijos de cotovelo, lave bem as mãos e se cuidem! :3

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