Talvez seja uma covardia da minha parte, mas ainda não me sinto confortável em falar abertamente aqui no blog sobre pautas que dizem respeito ao feminismo. Na verdade, quanto mais eu tento me informar a respeito, mais vejo que sou muito ignorante sobre o assunto e tenho receio de falar algo para depois não saber justificar o que expus com propriedade...

Mas é claro que posso falar sobre coisas que vivi e vivo como indivíduo e mulher, então é gratificante poder usar este meu espaço para abordar questões como autoaceitação e autoestima quanto ao nosso corpo, a nossa imagem e até a nossa sexualidade na sociedade. Mais bacana ainda é poder começar a fazer isso a partir de uma obra maravilhosa como "Outras meninas", da talentosa Manu Cunhas!


O "Outras meninas" é uma obra feita a muitas mãos, na verdade; Manu flor começou esse projeto fazendo aquarelas incríveis, sensíveis ao que captava de depoimentos de mulheres de todas as idades sobre como se viam, junto com fotos de seus corpos nus. As ilustrações foram publicadas com seus respectivos depoimentos anônimos e, depois de cerca de um ano, o projeto do livro foi ao financiamento coletivo.

A experiência também causou impacto para a própria Manu, que teve a ideia de fazer o projeto ao se questionar por que conseguia admirar e gostar de desenhar corpos curvilíneos, gordurinhas, rugas e tudo mais, sem conseguir aceitar, contudo, as suas próprias "imperfeições".


Eu conheci o trabalho muito depois de todo o processo criativo e do financiamento coletivo, mas, vendo o livro, ficou muito claro o desejo da Manu em querer abraçar, dar voz e oportunidade de identificação a uma gama bem abrangente de mulheres - não apenas as magras ou gordas, as de seios pequenos ou fartos, mas também as negras, as orientais, as tatuadas, as LGBTQ, as idosas, as com deficiências físicas, as que já se aceitam super bem, as que sofrem de ansiedade, as que têm distúrbios alimentares, as que enfrentam depressão.


Por mais que seja uma coletânea com dezenas de depoimentos e, portanto, ali estejam fragmentos de dezenas de mulheres reais e diferentes entre si, senti que eu poderia ser todas e elas todas poderiam ser eu.

Sim, é muito possível que você encontre uma situação parecida com a sua sendo narrada numa daquelas lindas páginas, mas os relatos são tão palpáveis que você também é capaz de se colocar no lugar de outras mulheres que vivem outras realidades, patamares e (falta de) privilégios. A meu ver, esse livro é um tapa que põe à prova a sua capacidade de ser empático for real.


Chega uma hora que cansa. Chega uma hora que tudo o que eu poderia desejar é entrar em acordo com o amontoado disforme de carne a que chamam 'meu corpo'. (...) Sei também que a dor e a luta de muitas mulheres são de magnitude infinitamente superior à minha. Ainda assim, todo dia acordo e digo: 'Quero me amar, mas não tenho esse direito'.


Acho que não é leviano dizer que nenhuma pessoa foi ou é realmente poupada de julgamentos alheios e pressões sobre a sua imagem. Contudo, o fardo parece pesar mais para as mulheres em geral. Nesse sentido, considero que foi uma super sacada da Manu ter colocado por último o depoimento de uma moça que, mesmo parecendo se encaixar nos ideais atuais de beleza, também se sente vulnerável, violada, tolhida:

Criei coragem para contar a minha história por ver muitas vezes na internet, na rua, em todos os lugares, que eu sou o tipo de mulher que não pode abrir a boca porque a sociedade aceita a minha genética, as minhas curvas... aceita tanto que me tirou a liberdade sobre ele. Aceita tanto que, por mais de uma vez, na minha infância e adolescência tive meus gritos abafados, meu psicológico abalado, meu íntimo estuprado.


Caramba. Eu queria ter lido um livro assim já no início da adolescência, pois talvez pudesse ter me ajudado a ser um montinho de inseguranças menor do que sou hoje.

Por não ser boa em atividades físicas desde que me conheço por gente, já ficava em escanteio das panelinhas da turma na escola, mas o fato se agravava por ser mais robusta do que as demais meninas. As mudanças do corpo no início da adolescência e as já inerentes gordurinhas me faziam me sentir (mais) desengonçada; sem saber lidar com isso, eu escondi minhas inseguranças sob camisetas masculinas pretas e calças jeans largas até pouco antes de entrar na faculdade.

Nessa época, o meu corpo se estabilizou e comecei a ver algo de bonito no que estava refletido no espelho, mas até hoje não consigo aceitar a minha silhueta muito bem, o que atribuo parcela de culpa à minha mãe. É provável que ela nem saiba a influência que tem sobre mim e, portanto, sei que ela não tem esta intenção, mas cada vez que sai um se você emagrecer um pouco, vai ficar legal, é como se minha autoestima fosse enterrada com uma martelada bem dada...

Sabe, tem (muitas) coisas que a gente não precisa ouvir dos outros, porque já permeiam e rondam nossos pensamentos o tempo todo - chega ao ponto de que cada dia é uma vitória por continuarmos os enfrentando... Desculpem o desabafo, mas é como eu tinha dito: todo mundo tem uma história, mal ou bem resolvida, com autoestima e autoaceitação.


Nem tudo, porém, é desânimo. Para finalizar, deixo aqui um trecho dos depoimentos que muito me marcou e ajudou a pensar diferente; espero que essa reflexão também possa contribuir para uma nova perspectiva que permita seguir em frente:

(...) Mas existe uma outra parte que me olha nos olhos e enxerga todo o meu rosto, minhas curvas, meu formato e meus detalhes perfeitos. Essa é a metade que enxerga também a mulher forte que sou por dentro, protetora do mundo, 'defensora dos fracos e oprimidos', como diria minha mãe. Essa parte sabe que eu preciso me aceitar e enxergar minha própria beleza se quiser fazer diferença na vida de outras pessoas. Por isso, eu busco sempre proteger e amar as mulheres que me cercam: quem sabe eu não me aceito mais ajudando outras a se aceitarem?


Livro: Outras Meninas
Capa dura
Formato: 16,5 cm x 24 cm
180 páginas, papel couché
Compras, só no site da artista: Clique aqui

E tem mais trabalhos da Manu, olha só:
Facebook | Facebook (projeto Outras meninas) | Instagram


Gostaram da resenha? :)
Se tiver alguma sugestão ou crítica, pode deixar nos comentários!

E sim, a xícara estava vazia pois a minha cama era o que estava em jogo, hehe! :P

15.4.17

Livro: Outras meninas

Você sabe o que é ASMR? Para ser bem sucinta, é uma espécie de resposta agradável do corpo, geralmente com "arrepios" vindos de trás da cabeça, a certos estímulos sensoriais. Aparentemente, nem todo mundo consegue sentir esse tipo de resposta, e cada um daqueles que sentem pode responder a diferentes estímulos.

asmr day tingle trigger

Nesse universo, esses estímulos são chamados de gatilhos (triggers) e podem ser dos mais diversos: o som de páginas de livro sendo folheadas ou de embalagens plásticas sendo manuseadas; ver um tecido ser acariciado ou movimentos graciosos com as mãos... No geral, os gatilhos costumam ser auditivos, visuais e táteis.

O ASMR já virou uma categoria sólida de vídeos no YouTube, na qual os criadores de conteúdo reproduzem essa vasta variedade de gatilhos e atendem a uma grande demanda da comunidade que tem essa sensibilidade.

Eu descobri há uns cinco anos que "tenho" ASMR e costumo recorrer aos vídeos criados por ASMR artists para descansar, relaxar ou simplesmente dormir. Aliás, faz bastante tempo que não durmo sem um desses vídeos embalando meu sono...

Como hoje, dia 9 de abril, é o ASMR Day, quero aproveitar a data para mostrar os meus vídeos favoritos (no momento) - e talvez você possa descobrir algo novo a seu respeito no meio do processo! Coloque seus fones de ouvido, se acomode na cadeira e vamos lá! 😉

"1 Hour of Binaural Beer Suds & Bottle Cap Sounds", de Ephemeral Rift

Boom, cerveja! Quem diria que essa iguaria daria um bom vídeo de ASMR? Com essas borbulhas suaves todas no meu ouvido, eu durmo rapidinho... 😊

"ASMR Forks Scratching Your Ears . Whispering", de The ASMR Circus

Esse aqui também é bem inusitado, mas eu gosto bastante pela velocidade lenta em que o microfone é "escovado" pelos garfos, hehe 😍

"Binaural ASMR. Dry Leaves", de DonnaASMR

Esses sons craquelantes são alguns dos meus favoritos gatilhos de ASMR! Daria para ser o som de tesoura cortando papel ou daqueles celofanes sendo amassados... Mas essas folhas secas fazem um som tão delicado e único que acabaram como minha melhor referência 💙

"ASMR Mouth Sounds", de WhispersRed ASMR

Se, lendo este post, isso ainda não passou pela sua cabeça, chegou a hora de pensar que os meus gostos são mesmo esquisitos, hehe! 😂
Ah, mas eu gosto bastante dos vídeos de "atenção pessoal" e de sussurros ou de fala suave perto do ouvido, sendo que os meus favoritos vêm justamente da Emma, do canal WhispersRed ASMR. Não sei se só eu penso assim, mas acho que ela tem um jeitão de mãe, passando uma paz e segurança que me cativam demais... 💙


Eu quis mostrar o ASMR por aqui, mas sei que, na real, é um caso de amor ou ódio.
De qualquer modo, super entendo caso não venha a agradar...

Mas, de boas: sentiu alguma coisa assistindo a esses vídeos? Me conta! :)

9.4.17

ASMR Day, 2017

É 1º de abril, mas não é mentira: o BLCD Checklist chegou no tempo certo! Uhul! 🎉🎉

Olhos mais atentos podem observar que o título "Oyasumi nasai, mata ashita" está aqui, sendo que também está na lista de março. Não foi erro; na verdade, a produtora fez um anúncio durante o mês, postergando a data de lançamento para o dia 28 de abril :)

Sem mais delongas, vamos à checklist do mês! 😉


Destaque do Mês


Não são muitas, mas, a cada história que acompanho ambientada no Omegaverse, me surpreendo com o ponto de vista dos autores sobre a situação dos ômegas: no início, apenas via personagens vulneráveis e dignos de pena; hoje, vejo aqueles que usam esse "segundo sexo" como recurso para tirar vantagem ou que simplesmente encontram forças para tentar lutar contra isso. Esse último caso é o do protagonista de Kashikomarimashita, Destiny - Side: Master, nosso destaque de abril!

Aoi (CV: Suzuki Yuto) é o primogênito da rica família Toujou, porém, diferente de seus demais membros alfas, nasceu ômega e é estigmatizado por isso. Quando seus pais morrem, ele resolve sair de sua casa e tentar a sorte na deserção, acompanhado de seu fiel mordomo Miyauchi (CV: Okitsu Kazuyuki). Contudo, ele logo é acolhido pelo patriarca da igualmente poderosa família Saionji e passa de herdeiro mestre a serviçal.

A família Saionji também se orgulha de ser formada apenas por alfas, sendo este um terreno perigoso para um ômega, ainda mais quando o seu período de "cio" não se manifestou. Mesmo assim, Aoi se considera afortunado pela oportunidade, já que conseguiu um trabalho e pode ficar próximo de Jirou (CV: Hatanaka Tasuku), o primogênito dos Saionji, por quem não apenas se apaixonou, mas sente ser seu alfa predestinado. Por sua vez, Jirou sente a mesma atração por Aoi, porém não entende se são esses seus verdadeiros sentimentos ou meramente um capricho do destino entre alfas e ômegas...


Referências


Seme | Toujou Aoi (CV: Hatanaka Tasuku)
Mori Hisashi (Cheer Boys!!), Kaminari Denki (My Hero Academia), Tsukumo Yuuma (Yu-Gi-Oh! Zexal);

Uke |  Saionji Jirou (CV: Suzuki Yuto)
Oosaki Kou (Shounen Hollywood), Honebami Toshiro (Touken Ranbu: Hanamaru), R Nomura (MARGINAL #4 the Animation).

Confira também


1.4.17

BLCD Checklist: Abril, 2017

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