1.4.20

QuaranTalks #002 - Estratégia


Hoe! Espero que esteja tudo bem com você :)

Voltar a escrever no blog está saindo do mundo das ideias para a realidade e estou feliz com isso! 🎉

Ah... Mas essa é a minha realidade, tá, gente? Se isso servir minimamente de inspiração para alguém também tirar algumas ideias do papel, joia; se você não está numa situação confortável para tanto, seja por qualquer motivo, por favor, não se sinta pressionado. Seu estado de espírito é sempre válido e tem de valer ainda mais neste momento em especial. 大丈夫だよTá tudo bem.

Como estamos?


Acho que alcançamos pouco mais de uma semana desde que o quadro de quarentena em Curitiba ficou mais rígido, com a ordem de fechamento de estabelecimentos que não realizam atividades essenciais.

Na segunda-feira, tive de sair para comprar verduras, legumes e frutas no sacolão perto de casa. Ir ao mercadinho seria a tarefa mais banal ever, mas agora requer um estratagema traçado cuidadosamente desde a noite anterior a que se pretende executá-la. Na bancada da cozinha, deixamos a postos álcool, panos de limpeza e toalha de papel. Tiramos os sapatos lá fora e deixamos num capacho, perto da porta de entrada. Escolhemos as roupas a dedo - peças que possam ser lavadas fácil, com bolsos para luvas e álcool gel, além de mangas compridas. Nada de brincos nem maquiagem; difícil sair com essa cara de tacho que deos te deu, né, minha filha?

Sete e pouquinho da manhã. Decidimos ir ao sacolão pouco depois de abrirem, pensando que, assim, reduziríamos as chances de uma galera ter tocado naquelas hortaliças antes da gente. Chegando lá, dividimos para conquistar: cada uma (minha mãe e eu) ficou responsável por pegar certos itens e nos reuniríamos só na hora de passar no caixa.

Pausa nas táticas de guerra pra um insight: nessa nuesta quarentena, eu só tenho verbalizado as conversas com a minha mãe. Isso faz uns... Doze dias? Por isso, foi tão estranho, quanto mágico o momento em que recebi os "bom dia!" nas vozes diversas dos funcionários. Me atrevo a dizer que foi até revigorante ouvir suas brincadeiras entre si, enquanto escolhia ora batatas, ora tomates...

Voltando à minha Tropa de Elite sem Lei Ruanet, pudemos ver como os preços ficaram alterados. Se estávamos acostumadas a levar o quilo de cenoura por R$0,98 e de abobrinha por R$1,98, o preço mais baixo que vimos nessa saída foi R$2,30. À primeira vista, não parece uma porrada tão grande, mas troca isso por porcentagem e você verá um aumento de 134%. Cacildys.

Pois bem. No final, o passo mais complicado mesmo foi higienizar todas as compras antes de acomodá-las na geladeira. Nah... Pensando melhor, talvez as sacolas tenham sido o mais chato, haha! Depois disso estar finalmente resolvido, ainda tínhamos de limpar chão, bancada e... Nós mesmas. Striptease time at kitchen e depois chuveiro, babe! 💁 Complicadíssimo.

Que fique de lição para aproveitar muito bem o que foi comprado, porque não queremos repetir tão cedo a experiência - embora seja inevitável, né, porque, apesar desses esforços todos, não fizemos estoque. E não façam estoque também, hein?

▼ ▼ ▼

Nesse mesmo dia, confesso que passei um pouco de raiva ao final da tarde. Não sei se as pessoas foram acometidas por um comichão irresistível, depois de uma semana enfurnadas em casa, ou é consequência da confusão de discursos saindo do governo federal - somado à ideia de que Curitiba é um antro de pandeminion... 🙃

Fato é que uma galera simplesmente resolveu sair por aí pra caminhar, correr, encontrar amiguxos, passear - na companhia ou não de criança e/ou cachorro... Conforme essas pessoas surgiam naquele teco de rua que consigo ver da minha janela, crescia um outro tipo de comichão dentro de mim. Acho que me apropriarei dessa entidade que começou a brotar na quarentena espanhola, chamada la policía de balcón; gostaria de gritar, a plenos pulmões, palavras de cordialidade e carinho a esses andarilhos. Seria algo mais ou menos assim:

FI-CA NA POR-RA DA SUA CA-SA, CA-RA-LHO! 🤬
(E o Brasil me obriga a cancelar o compromisso de não falar mais palavrão)

Atualização da quinta-feira: minha mãe relata que, pela manhã, da janela, testemunhou uma situação em que um senhor idoso abordou um rapaz jovem que caminhava pela rua, mandando o dito cujo voltar para casa, tudo de uma forma bem "cordial" (deixo a cargo da sua imaginação, haha). O rapaz encerrou a discussão à moda "pomba enxadrista", mandando o velho se tratar. La policía de balcón já chegou e eu sou time idoso cordial total.

Pílulas aleatórias


▼ Estou conseguindo acompanhar cursos que não têm a ver com concursos ou Direito, uhul! Na verdade, são cursos que já tinha interesse em fazer há algum tempo, mas estava sempre deixando para depois, porque sempre havia algo mais urgente pra vencer. Já fiz um de storytelling e outro de escrita criativa; o próximo que pretendo ver é sobre conteúdo para redes sociais.
Fica a dica aí para quem quer aproveitar, porque, em função da quarentena, tem algumas instituições oferecendo grandes descontos e até mesmo gratuidade na inscrição para seus cursos online 🤩

▼ Tenho observado que, nesta quarentena, estou ouvindo mais músicas de animes e tokusatsu que marcaram a minha infância e adolescência. É música de Winspector, de Ultraman, de Digimon, de Samurai X, de Yu-Gi-Oh... Um repertório que há tempos não escutava, mas certamente remonta momentos bons e felizes desses períodos.
Isso me faz pensar que, embora eu pareça estar equilibrada, talvez não esteja assim de verdade aqui dentro e, por essa razão, tenha recorrido a materiais que representam refúgio, porto seguro e conforto, ainda que inconscientemente. Alguém mais tem se flagrado fazendo algo assim? 🤔

▼ No primeiro QuaranTalks, eu falei que estava pensando em fazer um post com vídeos de ASMR que tenho assistido. Percebi que o ASMR Day está chegando, então esse post ficará para o dia 9 de abril, tá bom?

E o governo?


Hoje, foi sancionado o projeto de lei que prevê um auxílio no valor de R$600,00 mensais direcionado, em geral, a trabalhadores informais pelo prazo inicial de três meses. Com esta medida, pretende-se reduzir os impactos da pandemia do novo coronavirus na economia do país; a lei será oficialmente publicada no Diário Oficial da União de amanhã.

Parece que o redirecionamento dos ânimos sinalizado pelo pronunciamento de tom mais brando de ontem continuou nesta quarta. Na terça-feira, houve um discurso cujo texto claramente não foi da autoria do Chefe de Estado, mas o tom de soberba debochada ficou no escanteio, deixando de tratar o coronavirus como "mera gripezinha" para entendê-lo como um desafio sério, uma verdadeira crise.

Infelizmente, ainda houve resquícios dos seus credos sobre o isolamento social total ser exagerado e até uma tentativa grotesca de insinuar que o diretor-geral da OMS - a quem sempre dedicou críticas - concordava com essa ideia. Enquanto isso, o Sr. Tedros se viu obrigado a desperdiçar seu precioso tempo, escrevendo dois tweets para "esclarecer" o sentido já muito óbvio de seu discurso, uma vez que suas palavras estavam sendo utilizadas fora de contexto para fomentar exatamente o contrário do que tem se esforçado em orientar todos os dias, nas últimas semanas: se puder, fique em casa.

▼ ▼ ▼

E é isso por hoje! Estou me programando para esta série de posts chegar por aqui às quartas - no mais tardar, às quintas-feiras. 😉

Lave as mãos, limpe seu celular e procure falar com seus entes queridos!
Querendo ouvir esta que vos escreve, logo terá novo episódio no podcast :D

2 comentários

  1. Ohayou, Karupin! Aqui quase a mesma coisa, como pode perceber, o número em Toquio aumentou recentemente por causa do povo que resolveu sair de casa no feriado da primavera, e sabe no que resultou, né? Onde eu moro, parece que estabilizou, e tive notícias de pessoas tendo alta mas com cautela.
    Não duvido que logo entram em estado de emergência (já que por lei aqui, não impõem a quarentena por causa do trauma de guerra, aquela história...), mas na região de Kanto, os finais de semana quase tudo fechado e o pessoal "meio" que evitando sair de casa. Fora que todos os eventos foram cancelados ou prorrogados...
    Eu não acredito que aí o preço dos alimentos aumentou!! O que aqui ainda estão limitando ao máximo, são as máscaras descartáveis. O que no ano passado sobrava nas farmácias e home centers, hoje o pessoal madruga na fila para conseguir logo que abre. Quanto ao preço, eu diria que, se aumentou, não senti diferença (ou é porque eu compro muita coisa no final do dia com desconto, sei lá).
    Por enquanto, eu estou indo trabalhar e estudar, mas claro, devidamente protegida e prevenida, lavando bem as mãos, evitando contato, indo de máscara (felizmente onde trabalho, fornecem). E saindo de casa quando preciso mesmo.
    Ah, eu comentei que comecei a estudar desenho tecnico? Pois é, ano passado numa feira da educação para estrangeiros no Japao que teve em Nagoya, me interessei no curso e fiz a inscrição. Agora quero so ver como será meu desempenho no AutoCad...
    O que espero além dessa pandemia acabar e voltarmos à vida normal, é o povo ser um pouco menos egoísta, porque olha...

    Aguardando o podcast novinho, e não esqueça de lavar bem as mãos, limpar os utensílios e a segunda temporada de Fruits Basket que começa dia 6 de abril (aqui)!!!

    Beijao e se cuida!

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    1. Hoe, Kiyomi-chan! Tudo bem?
      Espero que sim ♥

      Ai, menina, eu fico tão angustiada que o Japão demorou tanto pra se espertar na vida... Não que a gente possa falar alguma coisa considerando as condições daqui, né, mas sei lá, é mais um daqueles fatores de desencanto com a imagem do "Japão fada sensata zero defeitos"... :/

      Ah, aqui não se perde uma oportunidade de aumentar os preços, né? Mas acho que não é só em função do coronavirus: além dos caminhoneiros não contarem mais com tantos locais para paradas abertos, tem o lance de que, pelo menos aqui na região sul, estamos sofrendo com uma estiagem extensa. No mais, tem também o fato da atividade agrícola ser muito dependente das exportações e, no momento, está difícil de vender para fora.

      Fico feliz e aliviada que, dentro do possível, você tem sido bastante cuidadosa. E não apenas por isso, né? Que legal esse curso! Por acaso, você está visando algum projeto maior com essa formação? :)

      Ai, menina, tá difícil ser humano tornar-se menos egoísta, né? Tá certo que é triste admitir que a gente também tem a nossa quota, mas tem uns exemplares que se superam e a falta de noção impera...

      Ah, eu fico tão feliz quando você fala estar ansiosa com o podcast, miga! Mas e aí, você chegou a ouvir nosso novo episódio? Confesso estar meio insegura, porque só uma pessoa chegou a comentar e isso antes de ouvir... ^^"

      Assisti a Fruits Basket! Infelizmente, começou com um episódio fraquinho (dá um revirar de olhos com o fã-clube do Yuki, aiai), mas o jeito é esperar pelos momentos da praia... ♥

      Beijos! Cuide-se por aí também :D

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