29.3.16

Curitiba, 323 anos!

Parque Tanguá, um dos meus pontos favoritos de Curitiba 💙

Oba! É 29 de março, é aniversário de Curitiba, é feriado ponto facultativo em plena terça-feira e essa querida senhora está fazendo 323 anos!

Na tag "Turisprocidade" do blog, eu tento mostrar as minhas impressões de lugares bacanas daqui, o que, para mim, é uma forma de sempre homenagear esta cidade e a criatividade empreendedora de seus moradores. Hoje, porém, pretendo mostrar meu amor por Curitiba de uma forma diferente e apresentar algumas curiosidades que talvez até conterrâneos nem tenham ideia; eu mesma não sabia de muita coisa, mas me diverti muito fazendo as pesquisas e espero que consiga passar um pouco disso para vocês também ♥

Loira Fantasma


Eu acredito que a lenda da loira do banheiro (e variações) seja uma constante em boa parte do Brasil, mas esta é uma outra loira que gerou um rebuliço aqui nos anos 1970. Nessa época, um boato rolava entre os taxistas: estaria por aí uma moça muito bonita de cabelos dourados pedindo corridas para o bairro Abranches, mas ela, que até então estava sentada no banco de trás, simplesmente desaparecia ao se aproximarem do cemitério.


Havia várias versões para a origem dessa lenda urbana, muitas alimentadas pelos programas de rádio da época, que chegavam a dedicar dias e dias à história. Uma delas dizia que, certa vez, um taxista estuprou e matou uma bela jovem, desfazendo-se do corpo no cemitério do Abranches. Depois de algum tempo, ele atendeu uma moça vestida com uma capa preta que queria ir ao mesmo cemitério e, questionada porque queria ir até lá, ela teria dito que essa era sua morada, ainda que indesejada. Revelando sua identidade, o motorista ficou chocado e morreu asfixiado com um ataque de asma. Não satisfeita com a vingança, porém, a loira fantasma continuava a perseguir outros taxistas.

Também tinha uma versão mais cética que afirmava ser a moça uma prostituta que pegava o táxi em direção ao cemitério, mas sempre dava um jeito de distrair o motorista e sair do veículo sem pagar a corrida. Bem, seja por medo de assombração ou de calote, o fato é que, por um certo tempo, muitos taxistas não toparam corridas solicitadas por mulheres bonitas e loiras...

Cemitério Municipal


O Cemitério São Francisco de Paula foi o primeiro construído na cidade, em 1854, e guarda os túmulos e mausoléus de famílias que literalmente fizeram a história de Curitiba. Com tanto tempo de existência, não é de se admirar que seja o ambiente para muitas lendas urbanas. As principais talvez sejam duas: a santa Maria Bueno e a foto dentro do jazigo em forma de pirâmide amarela.


Maria Bueno era uma moça que nasceu em Morretes e, auxiliada por padres, mudou-se para Curitiba devido a problemas familiares. Ela ficou noiva de Ignácio Diniz, um soldado do Exército, mas foi atacada e degolada por ele numa madrugada, chocando o povo da então pequena cidade em 1893. A causa foi ciúmes, mas a história tem versões diferentes: uma delas justifica que Maria resistiu a uma tentativa de estupro pelo noivo e ele se vingou; outra afirma que a jovem foi dançar, a despeito de Diniz tê-la proibido de sair, e há ainda quem diga que ela foi ver um amante. De qualquer modo, embora o crime tenha sido espantoso, o soldado foi absolvido das acusações.
Admirada pela comunidade, muitos rezaram e acenderam velas no local onde os restos mortais de Maria foram enterrados; mais tarde, começaram a atribuir-lhe vários milagres e a entendê-la como uma defensora dos infratores, vez que foi executada por um soldado. Para fazer pedidos a Maria Bueno, é importante levar uma rosa vermelha ao seu túmulo e, uma vez o feito realizado, retornar com uma rosa branca para agradecê-la.

A pirâmide amarela é uma das estruturas mais curiosas do Cemitério Municipal, ornamentada com motivos egípcios, incluindo esfinges. Contudo, o mais intrigante mesmo é uma foto que foi colocada por baixo da porta de entrada do mausoléu, que só dá para ver se chegar bem pertinho. Cada pessoa diz ver uma coisa diferente nessa foto e há quem fale que viu a imagem de parentes e amigos, sendo que, dali a alguns dias, acabaram falecendo. E a coragem para ver isso, meu?!

Com tantas lendas, histórias, personalidades e amostras arquitetônicas, a pesquisadora Clarissa Grassi idealizou o projeto das visitas guiadas ao Cemitério Municipal em 2011 e, a cada passeio, mais e mais descobertas sobre a história de Curitiba são feitas. As visitas são gratuitas, mas é necessário se inscrever de antemão. Eu sou meio medrosa com essas coisas de espíritos e cemitério, mas não descarto a ideia de conhecer a cidade a partir desse ponto de vista inusitado.

Galerias Subterrâneas


Isso mesmo que você leu: Curitiba tem túneis no subsolo! Mas o verdadeiro motivo pelo qual eles existem - ou existiram, já que boa parte deles foram destruídos por conta de intervenções urbanas - ainda é um mistério. Bem, lacuna na história é espaço certo para a imaginação deitar e rolar, né?

Pois é, muitos boatos surgiram, atribuindo a autoria das construções tanto a jesuítas do Século XIX, quanto à cautela de alguma organização contra eventuais invasões nazistas entre a Primeira e a Segunda Guerras Mundiais. Na verdade, essas "teorias conspiratórias" não são totalmente aleatórias, vez que os caminhos sugeriam alguma estratégia: vários túneis ligavam igrejas do Centro Histórico umas às outras e até ao antigo prédio do governo estadual, hoje Museu Paranaense.

Diz-se também que a estrutura perto do Museu foi usada como calabouço para torturar os "inimigos internos" durante a Ditadura Militar. Essa história ganha peso com a existência de fato de túneis sob prédios que servem ou serviram o Exército. Exemplos são o Colégio Estadual do Paraná - que, inclusive, tem um abrigo antiaéreo - e o Shopping Mueller - antes Fundição Mueller, que tinha um acordo de colaboração bélica com as Forças Armadas durante a Primeira Grande Guerra.

O Pirata das Mercês


Ainda puxando as histórias sobre as galerias subterrâneas, há a história de Sulmmers - nome aqui adaptado como Zulmiro -, um desertor da Marinha inglesa que virou pirata e desembarcou em Paranaguá no Século XIX. Bem acompanhado por ouro, pedras preciosas e joias, um tesouro que teria roubado da Coroa, subiu a Serra do Mar e se fixou num pequeno vilarejo, onde hoje é o bairro Mercês na capital paranaense.


Reza a lenda que o tesouro roubado foi escondido num túnel construído pela Companhia de Jesus no mesmo período; ele fica sob onde hoje fica o Bosque Gutierrez, no bairro Vista Alegre. Como o túnel realmente existe, por muitos anos exploradores buscaram o tal tesouro na região. Há outra versão, porém, segundo a qual o pirata inglês teria guardado seu tesouro sob onde seria a Igreja São Francisco de Paula, no Centro Histórico; essas obras foram interrompidas e o que restou formam as Ruínas de São Francisco.

A agitação foi tanta que o governo estadual chegou a reivindicar parte da fortuna, caso fosse encontrada. E engana-se quem pensa que Zulmiro desapegou com a morte: dizem que seu fantasma continua espantando as pessoas que tentam se aproximar do seu precioso tesouro.

Fontes e Referências

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